29 novembro 2009

FRAGMENTOS


O Leminski falou algo sobre o vazio agudo, eu na minha pobre precariedade de talento para a escrita, chamo de vazio imensurável o que eu estou sentindo nesse exato momento. Eu estou cansado, cansado mesmo! Com preguiça de remar, de esperar, de planejar, de rejeitar, de disfarçar, de dissimular, de equilibrar, de lamentar, de suportar, de acreditar, de me enganar... Cansado desse futuro grandioso que não chega, cansado dos elogios que se resumem apenas ao meu sorriso bonito. Tô um caco. Tô um caco partido em milhares de pedaços e em um milhão de fragmentos.
Mazes

27 novembro 2009

E tudo que eu respirava me lembrava o mel da flor de laranjeira



-Que susto! Acordei do sonho dizendo pra mim. Parecia mesmo que eu havia voltado no tempo, o hoje era 2 anos atrás e tudo o que eu respirava me lembrava o mel da flor de laranjeira. Aquela inundação de euforia dos meus 18 anos. Eu pedindo desculpas por um erro que nem cometi, só por não agüentar mais a brincadeira sem graça de ficarmos nos ignorando como se fossemos desconhecidos.
Você me desculpando e dizendo: ‘Vamos conversar? Hey, foge comigo! Pega tua bolsa e vamos sair pra algum lugar. A gente mata essa aula, mas tem que ser agora, não pensa muito não. Não vamos deixar nada pra amanhã, porque tu sabes bem como eu sou, amanhã eu posso já não querer. Vai, vamos agora?’
Eu disse: ‘Sim, vamos agora, eu sei bem como tu és. Antes, só me abraça, porque faz tanto tempo que eu não te peço nada. Estava até com saudade de pedir, mas você sabe que eu só peço aquilo que você pode me dar. Nunca fui injusto contigo. É que um abraço aqui no corredor ia significar tanto pra mim. Falaram-me ontem que você disse coisa como: (nunca encontrarei um sorriso como o dele! É desconcertante. É labirinto!)
Corremos juntos pelo corredor parecendo mesmo que o mundo podia acabar no próximo instante. Eu estava feliz! Não, acho que felicidade é pouco, eu estava levitando de tanta alegria! Eu era possuidor de todas as cores. Eu era o próprio verão, o próprio carnaval popular. Não era noite, mas eu podia ver estrelas no céu. O que aconteceu depois eu não conseguia prever. ‘Ao lado, um livro aberto e cujo título deixei para ler depois e não fiquei sabendo. [...]
Josimar Souza - Mazes
P.S. E me lembrei de você. Foi aquela saudade boa! Aquela saudade que já não machuca como antes. Deu vontade de te encontrar, mas seria retroceder no tempo e agora eu ando as pressas para chegar no meu futuro. É melhor te deixar para trás do que perder essa coisa bonita que nos uniu anos a fio. Não vamos afundar não. Vamos deixar como está! Só a saudade! Só a saudade!
Ouvindo: Your Heart Is An Empty Room - Death Cab For Cutie

24 novembro 2009

'E que em cada coração, árido ou concreto, pulse uma semente de primavera como a luz que da janela emana raios de coragem. Coragem é agir com o coração! Coragem é agir com o coração! E que pra cada ato de coragem nasça uma flor. Uni-vos em torno da luz. Há um horizonte inteiro de amor dentro de cada um de nós. Para encontrá-lo basta acreditar que sim. Da luz eu sou, na luz eu me movo! Da luz eu sou, na luz eu me movo! O amor é a única revolução verdadeira!'
Acordei assim hoje. Acordei leve.

23 novembro 2009

...


 queria que você dormisse aqui comigo. Fica, por favor!

Às vezes é preciso saber recuar. Dar espaço e possibilidades para que o outro possa se entender. Não dar pra ficar sempre na porta batendo, cobrando, implorando para entrar. Entender que cada mundo é diferente do outro e que não existe uma formula mágica para resolver as questões. Cada um encara as coisas de maneiras opostas e respeitar isso deve ser lei. O ser humano é assim. Cada um em sua particularidade, na sua busca pessoal.

Estou tentando não invadir o teu mundo... Fazendo o possível para me conter e não te ver escapar por entre meus dedos. Tenho feito um esforço muito grande para não te assustar, embora seja um tortura não te ter por perto. Embora há tanto tempo eu esteja sozinho e com o coração um pouco cansado, preferi me afastar um pouco e te deixar respirar para decidir qual o melhor rumo a seguir. Difícil ignorar que tenho teu número e endereço... Que vontade de bater em tua porta e te pedir pra me deixar ficar!

À medida que te olhava sentado no sofá me vinha a inspiração de querer te pertencer para sempre. “Aquele jeito que você me olhou varreu meu pensamento. Todas as coisas saíram do chão... Eu me esqueci de tudo e antes que eu me desse conta já era seu meu querer.” Eu te olhando e querendo ser o motivo do teu pensamento perdido. Querendo estar no brilho daqueles olhos azuis e pequenos. Você sorrindo pra mim com a cabeça ainda tonta da noite anterior e eu querendo te abraçar e te falar da alegria que era ter adormecido e acordado contigo do meu lado, mas contive meus impulsos e te disse apenas: bom dia! E quis te dizer tantas coisas... Que a coisa mais linda que eu ouvi nesses últimos meses foi dita por você “Eu queria que tu dormisse aqui comigo. Fica, por favor!” E como não podia ser diferente eu disse: “sim, eu fico por você!”
 
E que dia maravilhoso a vida tinha preparado para nós. Plena segunda-feira e eu em festa. Distribuindo sorrisos até pra quem não devia. Nunca pensei em admirar tanto um dia de chuva, mas ir contigo comprar pão na padaria foi encantador. Sempre juntos! Juro que tentei de todas as formas ser o cara mais perfeito que eu poderia ser. Respeitei teu momento, teu minuto e teu segundo. E agora estou aqui com a cabeça cheia de planos, com medo de tudo e com você no meu pensamento. Sem saber ao certo como agir agora que você está distante. Culpando-me por ser tão imaturo ao ponto de me apaixonar assim tão fácil, ao ponto de querer guardar teu sorriso comigo pra eu ver quando acordar. Preciso mesmo deixar o dias correr e o tempo fazer tudo ficar em seu lugar. Preciso acreditar que eu fiz o que pude pra te fazer perceber que eu te quero muito, muito além das palavras, ainda que seja através delas que eu me expresse.
Josimar Souza- Mazes

P.S. Texto escrito 27/07/2009. Agora sim foi o momento certo de publicar.

17 novembro 2009

Penso em ficar quieto um pouquinho lá no meio do som. Peço salamaleikum, carinho, bênção, axé, shalom. Passo devagarinho o caminho que vai de tom a tom. Posso ficar pensando no que é bom. Vejo uma trilha clara pro meu Brasil, apesar da dor vertigem visionária que não carece de seguidor. Nu com a minha música, afora isso somente amor. Vislumbro certas coisas de onde estou. Nu com meu violão, madrugada nesse quarto de hotel. Logo mais sai o ônibus pela estrada, embaixo do céu. O estado de São Paulo é bonito! Penso em você e eu cheio dessa esperança que Deus deu. Quando eu cantar pra turba de Araçatuba, verei você, já em Barretos eu só via os operários do ABC. Quando chegar em Americana, não sei o que vai ser. Ás vezes é solitário viver. Deixo fluir tranqüilo naquilo tudo que não tem fim. Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim. Vaca, manacá, nuvem, saudade, cana, café, capim. Coragem grande é poder dizer sim

Hoje o Caetano Veloso pode falar por mim.

11 novembro 2009

É, eu sei, ta foda mesmo pra nós dois! Mas é que você desconhece o meu passado. Você não faz idéia dos caminhos que eu percorri, todos os cheiros de todas as cores que me encantaram até encontrar você. Que chegou, me deu alivio e agora pede de volta tudo que jurou ser meu.
Tudo é passageiro! Eu bem sabia disso.
Não se sei se é defeito ou qualidade deixar dentro do peito tudo o que não querermos expor. Hoje acordei pensando nisso. Pensei primeiro em mim. Depois pensei em você. Depois pensei se ainda existe nós dois. Pensei no quanto eu tenho me omitido na esperança de tornar as coisas mais fácies. Tenho sufocado as coisas que vem de dentro pra não explodir. Não sei se estou agindo bem. Não sei esse é o melhor caminho. Só sei que não tenho sido eu.
Só sei que não estou sendo eu. Tudo bem! A meteorologia me diz que amanhã tem sol. Josimar Souza - Mazes

07 novembro 2009

Pago a vista e sem pechinchar um menor preço




Às vezes eu gostaria de ocultar. Economizar meus créditos, guardar minhas palavras só pra mim, fingir dissimular todos esses últimos acontecimentos, mas “Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer...” Falar que eu não te espero já é te esperar. De uma forma ou de outra não dá pra fazer rodeios, nós não temos muito o que fazer. Falo “nós não temos” porque realmente quero te mostrar de forma mais concreta que já estamos ligados por algo que está além. Nem ouse me perguntar o que é esse além, porque se eu já soubesse faria questão de esquecer. Que graça tem saber o que encontraremos no final da estrada quando o que se quer mesmo é o mistério, o desconhecido, o surpreendente? O bom mesmo é ir desfrutando o gosto... Pensemos em uma torta de morango... Delicioso mesmo é ir provando o gosto, desfrutar cada fatia, todos os centímetros do recheio, tentar descobrir outros sabores mesmo já sabendo qual a principal matéria-prima utilizada, pois sempre existe um mais. Sempre! Existe à espera! A busca pelo bom da vida. Depois de tanto agir com a razão resolvi só por malandragem deixar meu coração tomar a frente. Posso cair, despencar da ribanceira, pagar de palhaço bobão, infantil, sabemos os riscos... Temos consciência que tudo pode ser temporário ou duradouro, mas não temos certezas de nada. Nem poderíamos ter. Mas o teu abraço vale o risco, vale o preço. Eu pago caro se for preciso, pago a vista e sem pechinchar um menor preço. “Paixões passam por mim, são só suaves febres...” Algo lá nas profundezas do que chamam coração [órgão muscular oco que se localiza no meio do peito], uma voz me diz que você é primavera, é inverno, é verão, é meu outono. A febre em um momento passa, até um analgésico pode resolver, mas as estações são ciclos, elas acontecem e não tem fim, podem ser variantes, mas serão sempre coerentes. “Se amanhã não for nada disso caberá só a mim esquecer!”Nesse instante eu gostaria de não desejar mais nada, pois eu já não preciso de muita coisa, mas só pra me dar garantia desejo que no próximo instante o meu desejo seja o mesmo desses últimos dias: Estar contigo na chuva ou no sol. Relação a dois é troca de coragem!


Josimar Souza - Mazes


04 novembro 2009

[...]


"Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me doía, agora, era um passado próximo. "

in Iniciação, de O Ovo Apunhalado / Caio Fernando Abreu