31 março 2010

Minha mãe, meu amor, minha vida


 
Você tão rainha e eu tão senso comum. Você que consegue ser tão caridosa e honesta que quase sempre me faz dar pulos de alegria e agradecimento por ser teu filho. Você tão linda e tão cheia de vida que me contagia com seu entusiasmo e esperança. Você tão complacente e eu reclamando sempre das minhas feridas. Você que não se deixa abalar, você que não entra em fila, você que nunca se atrasa, você que nunca esquece as palavras certas... Você que é justiça e confiança e eu que sou tão precário nas minhas estrofes solitárias. Você anos 70 e eu tão geração mp3. Você que sempre segue em frente e eu que sempre penso na possibilidade de estacionar. Você tão iluminada e eu tão pobre mortal achando que meus livros enfileirados na estante me tornam alguém mais especial. Você que me olha nos olhos e me abençoa, você que me dá sua benção e vela por mim nas minhas noites de insônia. Você pedaço de mim - Eu pedaço de você. Você que acredita tanto no meu futuro e eu que às vezes acho que não faço nada direito. Você que me preparou pra vida, que me amamentou com tanto querer, que me oferece todas as noites sua compreensão. Você que se esforça tanto pra me mostrar o lado bom da vida. Você que distribui sorrisos, palavras de ternura e despretensiosamente  ama o mundo de graça e sempre de boa vontade, sempre de maneira escancarada, porque ele não te deve absolutamente nada e porque você está sempre mil anos luz à frente de pessoas como eu, pequeno menino voador cheio de dúvidas, imperfeições e manias. Você que tem o dom da delicadeza e a bondade de uma boa samaritana. Você que é tão inteligente e tão artista, e de quem eu herdei o bom gosto pra apreciar a boa música antiga. Você que tem uma fé inabalável. Você que possui uma sabedoria inquestionável e um jeito de me olhar nos olhos que desconcerta a alma e tira de mim qualquer vaga idéia de desistência. Você que é toda linda do jeito que veio ao mundo, e o que é melhor, por dentro e por fora, sem necessitar daqueles badulaques artificiais que a maioria das mulheres usam pra sair de casa. Você que me deu essa boca carnuda e esse sorriso que dizem que é lindo (às vezes até chego a acreditar). Você que me carregou no ventre por ai a fora preparando o mundo pra me receber. Você que sabe meus gostos, que decora minha qualidades, você que ignora meus defeitos, você que me manda chegar cedo em casa, você que sempre me incentivou a ler e a estudar, você que adora receber as flores que eu te entrego em datas nada especiais. Você que compraria briga com o mundo inteiro pra defender uma de suas crias. Você que tem um pedaço comprado, cercado, loteado e construído no meu coração. Você que é minha mãe, meu amor, minha vida.
Mazes


26 março 2010

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O gelo que eu não consigo derreter
Um congestionamento em meu peito, um nó na garganta que as poucos se transforma em versos e prosas desimportantes. Tudo é dor. Tudo sobra. Tudo desorienta.  Só mesmo o caos de nossa humanidade desajeitada é que meus olhos conseguem ver. Por onde passo há sempre os mendigos que eu não vou ajudar, as crianças com quem eu não vou brincar, o lixo que eu não vou recolher. Na correria da cidade há sempre os cartazes que eu vou ignorar, as árvores que eu não vou abraçar, o sorriso que eu não vou receber, o animal que eu não vou reparar, a injustiça que eu não vou defender, o carinho que eu não sei retribuir. Por onde meus pés caminham há sempre as certezas que eu nunca vou ter, a sabedoria que eu não sei ensinar, os malabarismos que eu não sei fazer, a fome que eu não sei como alimentar, o amigo que eu não vou reconhecer... Aqui dentro onde só faz frio, há sempre o gelo que eu não consigo derreter, o abrigo que eu não sei encontrar e o amor que eu ainda não aprendi a merecer.
Mazes

20 março 2010

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Como um bom barco no mar...

Foi quando eu entendi que o amor fracassa sempre, independente dos nossos esforços para mantê-lo intacto e mesmo que eu cantasse desesperadamente Blue boy com a voz do Jim Reeves não evitaria o caos profundo que o fim do amor fez submergir. Entendi também que é possível que exista glória no fracasso, pois faz um tempo que meu choro vem sempre seguido de um sorriso distraído. 
Não te ter mais por perto tem me feito um bem danado. Além do mais, já estava na hora de eu aprender a andar com minhas próprias pernas e aquele teu discurso de ‘ah, eu não quero te fazer sofrer’ tava me deixando enjoado pra caraleo. Foi bom descobrir há tempo, pois simplificando as coisas tudo acaba tendo mais coerência a partir de agora. Tudo finalmente ganha mais sentido quando a utopia se desfaz.  E sinceramente, eu estou com a corda toda.
Não sou bom em cortesias, eu sei, mesmo assim hoje me atrevo a elogiar o céu azul que se exibe um pouco a cima da minha cabeça confusa. É, tudo bem que eu não consiga sair da fronteira perigosa que sempre me deixa paralisado diante do meu medo e da minha coragem e atiro pedras ao relento sem me dar conta do quanto me atinjo, mesmo assim hoje o sol sorriu pra mim.
O mesmo tanto que bato tem sido o mesmo tanto que apanho. Vou catando por aqui por acular subsídios que ajudem na minha nova caminhada. Tentando nesse jogo não perder a magia do meu sorriso de canto de boca, antes constante, hoje raro. Mas quem é possuidor das cores tem o dom de insistir. Eu não sou um homem, sou uma dinamite. Ando entre o concreto e o devaneio procurando pelo desconhecido, pelas formas, pela lógica, navegando pela poesia... Ando procurando por mim.

Mazes

18 março 2010

Nós estamos nos perdendo...


Você está me perdendo quando passa e não me vê, quando finge não se importar com meu cheiro de maresia. Você está me perdendo nos dias de chuva em que não atende meu pedido e se recusa a vir me abraçar, está me perdendo nos aniversários em que não dá sinal, me perde a cada vela que eu tenho que soprar sem sua presença. Você está me perdendo nas cartas que eu te dei e que você guardou descuidado numa gaveta qualquer. Está me perdendo nesse silêncio amargo que tua garganta insiste em cultivar. É, você está me perdendo quando pensa que eu não sei que é por mim que você procura nas avenidas em dias frios. Está me perdendo quando se engana achando que alguém vai saber te carinhar tão bem como eu, que alguém vai te entender tão bem quanto eu, que alguém vai te confundir  com tanta maestria quanto eu. Você está me perdendo toda vez que eu recebo um elogio, em toda festa que eu vou sem você, em todas as músicas que eu escuto e não penso mais em você, toda cama que eu durmo que não é a sua. Em cada texto que eu escrevo e que o amor não é o foco principal, você está me perdendo. Em cada paixão que me aparece, você está me perdendo. Em cada vez que eu fico doente e você não vem me cuidar, você está me perdendo. Em cada rosto que eu olho e não consigo te encontrar, você está me perdendo. Em cada foto sua que eu preciso rasgar, você está me perdendo. Em cada novo amor que eu não consigo amar, você está me perdendo. E cada vez que você não me ama, você está aceleradamente me perdendo. E quando finalmente você cansar de me perder, terá me perdido de vez.

Mazes

11 março 2010

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Autre Avenir

        Hoje eu só queria um pouco de calor, entende? Não esse calor que faz a gente suar ou o gelo derreter, mas aquele calor que acalma, que dá esperança... Aquele abraço que te convida a levitar. Aquele sorriso que te faz esquecer a próxima fala. Aquele momento em que o tempo para e as duas pessoas se olham esperando que o silêncio diga tudo. Aqueles momentos assumidamente passageiros em que o mundo lá fora não tem nenhuma importância se comparado a companhia dos amantes. Queria alguém que soubesse me olhar, sabe? Alguém que me olhasse e visse quem eu realmente sou. Que não levasse em consideração a minha confusão e sim minha capacidade de amar, de ser carinhoso, de ser doce... É tão difícil. Fico lembrando de Katy falando pra mim com aquele jeitinho doce/amargo que só ela tem, me dizendo: 'Isso tudo é por quê você não se ama, meu amigo'. E ela faz aquela carinha de quem sabe que eu não gostei do que ouvi, mas que no fundo, bem lá no fundo, eu sei que é verdade. Aí o coração aperta tanto, pois eu lembro da saudade que tô sentindo dela e de nossas discordâncias via internet. Fico querendo confessar que eu sempre invejei a capacidade que ela tem de nunca perder brilho. Fico só querendo encontrar um jeito de dizer a ela que eu tô me cuidando como prometi. Vontade de dizer que eu tô tendo sucesso na minha nova fase ‘Eu em primeiro lugar’. Mas hoje, nêga, ta difícil ser eu mesmo.

        Lembro também de João Neto, meu doce amigo, que tem um jeito todo divino-humano de me entender e dizer: 'Mazes, tu tens o fogo sagrado.' E ele me diz isso com uma verdade tão grande que eu até chego a me sentir importante. Ele que tem tanta paciência comigo e eu sou sempre tão precário nas minhas cestas de presentes. Penso mais um pouco e chego a odiá-lo por instantes, pois ele devia ter chegado antes na minha vida, assim eu ia poder contar mais vezes com sua forma didática de sempre me dizer que ali na frente eu vou encontrar uma pedra e que se eu não tomar cuidado agora, quando eu tropeçar, não vou saber me levantar... E o pior é que ele sempre sabe onde eu vou cair e nem se dar o direito de me odiar quando eu digo que ele ta equivocado ou que eu sei me virar sozinho. É, meu amigo, não se afasta de mim não, por favor. Eu preciso de ti pra me ajudar a ser mais atento na minha caminhada.
  
        E penso também no verde, nas árvores e tudo que a vida me trouxe de bom meses atrás e lembro da minha Vida... Que me aparece às 7h da noite feito uma cabrocha moderna saindo de um seriado americano com uma linda flor no cabelo. E eu digo sempre: ‘Heniza, queria tanto que tu pudesse se ver como eu te vejo. Queria que tu soubesses o quanto és bela e iluminada.’ Ela nem acredita... Fica rindo disfarçando a vergonha com aquele sorrisão que só ela consegue dar quando a gente ta junto. Ela vai me encantando e somando tantas coisas que  gente tem em comum que eu fico taquicardio só de pensar que ela ta sentindo dor. Fico querendo ter super poderes para curar aquele braço esquerdo que faz dias que ta dodói, mas nem posso fazer nada... Seu eu tivesse mesmo algum dom eu não precisaria mais escrever nesse blog, até porque as besteiras que eu escrevo estão ficando repetitivas e cansativas... Se eu tivesse mesmo algum dom,  deixaria de lado esse meu mal hábito de querer bancar o escritor e daria espaços para os escritores de verdade, eles sim é que são voadores... Eu sou só mais um andarilho confuso.

       Abro a geladeira e fico a me dizer coisas como: ‘Ah, eu queria tanto ser auto-suficiente, não levar nada a sério, não me prender a ninguém, não sonhar viagens românticas, não me perder nas voltas do amor...’ Ao mesmo tempo eu queria um abraço de alguém que soubesse que tá abraçando um cara raro, sabe? Porque eu sei que sou raro. Não melhor que ninguém, mas cada um sabe seu gosto e suas delicias. E eu escrevi isso tudo só pra dizer que hoje eu queria me sentir assim pra alguém: RARO.

MAZES

07 março 2010

Mas se ainda assim você topar, eu topo também



Eu não sei desenhar, assoviar, fazer contas matemáticas que exijam muito raciocínio, não tenho o andar do Paulo Zulu, nem a voz do Jim Reeves, não pratico esportes, sou sedentário conformado e estou desempregado há 6 meses. Também não sei fazer bola de chiclete, nem muito menos piscar um olho só. Tenho um sinal no lado direito do rosto da banda direita do nariz, que por sorte, quase ninguém percebe. Tenho uma Protusão Discal acentuada na coluna e preguiça crônica, que em outras palavras, quer dizer que eu estou impedido de ter um corpo saradão ou até mesmo executar certos movimentos. Já tive milhares de cáries, não consigo beber whiskey, fico assustado em qualquer lugar com mais de 100 pessoas e nunca comi comida Chinesa ou Japonesas e muito menos sei diferenciar uma cultura da outra. Eu sou exagerado, gosto do Sérgio Sampaio, sonho em dia virar peixe e sou muito moderninho pra o meu gosto.
Prefiro sandálias a qualquer sapato, com exceção, claro, do allstar. Aliás, faz mais de 5 anos que não consigo escolher outro modelo de sapato além dele. Descobri que não tenho mesmo vocação para o cigarro, e embora seja consciente do mal que ele faz no organismo, continuo achando super charmoso quem sabe fumar. Admito: Não sei fumar sem ficar tossindo ou achando aquilo tudo uma babaquice da minha parte. Tento Imitar o charme do James Dean, mas sei que não consigo convencer ninguém do meu lado homem fatal. Tenho uma enorme aversão a óleo de cozinha e a vinagre, até o cheiro que quase não da pra se sentir me incomoda. Passei muitas anos sem gostar ou usar perfumes, estou começando agora a me interessar um tico pelo assunto.
 Atualizo as páginas abertas da internet a casa 2 minutos, checo umas 4 vezes seguidas se desliguei mesmo a boca do fogão e umas 4 se o despertador do celular está corretamente programado. Não me seco direito quando saio do banho, passo horas escovando os dentes e olhando meu sorriso no espelho do banheiro enquanto declamo alguns poemas pensando num comercial de creme dental. Sempre termino minha seção caseira de barbear ensangüentado e cheio de milhares pequenos cortes na lateral, horizontal e quantas mais direções existirem, mas adoro mesmo qualquer música do Vinny. Fico com a pele irritada toda vez que faço a barba e mesmo assim ainda insisto em ter carinha de bebê. Quando acordo, meu cabelo parece um gato persa levando um choque elétrico, outras vezes até parece a tal esponja que mainha usa pra lavar os pratos. Mas ainda tem coisa pior antes disso. Passo horas pra conseguir pegar no sono, durmo na vertical e acordo na horizontal, chuto qualquer pessoa que esteja por perto e tenho uma dificuldade gigante de dormir de conchinha. Sem falar que eu também ronco e fico dando uns pulinhos a madrugada inteira.
Não sei dançar, repito os mesmos pedidos na lanchonete e sou mais  encucado e neurótico do que deveria ser. Faço às vezes umas caretas estranhas e sem muito sentido em momentos nada apropriados, meus olhos sempre acordam vermelho e, não sei porquê, mas acho que sou levemente bipolar. Por falar nisso, é bom dizer também que sou imprevisível e completamente inconstante, além de ser extremamente hipocondríaco. Sou ansioso, nervoso, perfeccionista e sou muito enrolado em shopping, restaurante, repartição pública, banco ou qualquer coisa do gênero. Tenho o nariz grande, sou magro por natureza [minhas pernas parecem mais dois gravetos], falo alto, não tenho uma boa noção de espaço, sou irritantemente didático, não entendo de carros [também não tenho um], não decoro marca de celular, não entendo de futebol [nem gostaria], não sei o nome de medicamentos básicos [não sou estudante de farmácia], não sou muito fã dos animais, mas quero ter um filho [e até já escolhi o nome]. Estou com uma leve impressão de que estou com gastrite nervosa e com rompimento dos ligamentos do músculo da virilha.
Passo horas enrolando meus cachos imaginários e penso tanto, tanto, tanto, mais tanto que eu estou digitando esse texto no PC e ainda estou com um papel e uma caneta do lado para anotar meus próximos pensamentos enquanto luto pra terminar esse texto. Mas se ainda assim você topar, eu topo também.
Mazes