16 janeiro 2011

A Ordem e o Progresso


A verdade é que somos pequeninos. Somos ainda crianças espirituais pensando na possibilidade de dar ou não um passo adiante na estrada da evolução pessoal, porque se ainda é tão comum ver essa quantidade absurda de sujeira nas ruas e acharmos que estamos contribuindo para que os garis nunca fiquem sem emprego, realmente, ainda estamos engatinhando nesse longo processo que pode nos conduzir a dimensões de energia superior.
Se lavamos nossas mãos diante da palhaçada que se caracteriza o cenário político do nosso país, é um sinal evidente que estamos condenados a pertencer a uma sociedade alienada, burra e manipulável.  A minha idéia de política moderna, era de uma política limpa. É até feio escrever isso aqui, mas se ainda nos importamos tanto com a marca do carro de fulano ou com o vestido de Maria e parecemos tão indiferentes diante dos estragos que andamos fazendo na natureza, é fato, estamos andando para trás feito caranguejo no mangue.
Mundo avesso - é por essas lentes que tenho olhado o mundo esse dias de final de ano. Dias em que a dor nos dobra e a gente passa a tem um olhar mais apurado da realidade ao redor, porque se ainda achamos que Deus está realmente preocupado se as mulheres transam antes do casamento ou se fulano resolveu virar budista, isso prova de forma concreta que não sabemos fazer bom uso da tal palavra sagrada, a bíblia que escreveram em seu nome.
Enquanto milhares de crianças vivem nas ruas do país em situação de risco, deixamos nossa moralidade falar mais alto e nos mostramos contra adoção de crianças por pais homoafetivos, a chamada homoparentalidade. Parece que o que era importante passou a não fazer mais sentido e por vezes o que temos por fora é muito mais brilhante do que o que carregamos por dentro.
E estamos caminhando pra onde mesmo? Que progresso é esse que chega na orla de Boa Viagem e não chega no Coque? Que ordem é essa, que acontece quando a polícia bate sem pena nos jovens infratores e não acontece no senado, no congresso, no judiciário, no legislativo, no executivo, em Brasília, quando os políticos riem da nossa cara em canal aberto no horário eleitoral?
São palavras duras, mas é que às vezes chega a dar nojo esse mundo que respiro. Esse país de samba e do desemprego, de carnaval e da falta de educação, das praias e das injustiças. Vejo uma humanidade perdida, dando passos por caminhos perigosos e sem o menor interesse em recuar ou em usar palavras educadas e de esperança. Vejo que aqui em baixo, os Joãos e as Marias, não tem mais vez, precisam entrar pelas portas dos fundos para não serem expulsos.
E nessa falta de aproximação onde é que o amor terá vez? É possível mesmo construir um mundo melhor onde não existe a capacidade de criar inteligibilidades eficazes para que unidos possamos encontrar saídas para os males desse século? Eu assumo minha impotência diante da minha própria explanação. Eu sei que ela não será capaz de mover uma palha se quer, mas em mim as interrogações surgem feito pipas no céu bailando em minha mente. Não tenho respostas para minhas perguntas, tudo é tão pequeno, todas as certezas se encolhem.

Mazes