25 setembro 2011

E amanhã outra vez vou abrir meus braços


E sinto-me como se estivesse caído de um prédio de andares infinitos. Um vôo livre, uma queda espatifada. Quebro-me aos pedaços, mas não sinto dor. A dor da queda incrivelmente parece não me doer, mas saber do meu corpo desfragmentado, isso sim me abre uma ferida num peito já exposto no asfalto. Que posso eu fazer ao ver meu corpo em meio à poeira do chão? O que posso eu cantar se a melodia triste do barulho dos freios, motores e pneus me ensurdecem? E aqui no fundo tudo é silêncio e saudade. Penso rapidamente em encontrar uma forma de expulsar o nó que ainda está em minha garganta, mas minhas mãos de tecelão onde estão? Nem ao menos eu tinha pára-quedas... Eu, senhor dos ares, hoje não consegui voar. Mais uma vez tudo passa, só eu permaneço. E não desisto, amanhã outra vez vou abrir os meus braços para a vida.
Mazes