11 agosto 2010

Já que amor - eu não sei mais o que é


Meus olhos não denunciam - você também não sabe, mas muitas coisas mudaram desde que você parou de me sorrir. Desde o dia que nos vimos no corredor e você me sorriu um sorriso alegre e desgraçado, como se não me devesse nenhuma palavra ou explicação, como se não existissem lacunas em meu jeito de te olhar. É tão estranho isso tudo. Seria bem mais fácil se você estivesse morando na Patagônia ou estivesse de férias em alguma ilha do Caribe. Seria mais aceitável esse silêncio se eu não estivesse constantemente pisando o mesmo chão que você.
Não sei como, mas parece que ambos conseguimos transformar nosso apreço um pelo outro – eu por você – você por mim - em silêncio profundo. ‘Me diz como é que faz...’ E no meio de todas as coisas que eu te disse e das várias que você me falou, fico só pensando como pudemos chegar a esse ponto... Como pudemos usar palavras tão ásperas - sabendo o quando elas iriam nos ferir... E nessa briga de egos quem um dia irá dar o primeiro passo e ceder?
Acredito que não serei eu a pessoa a mais uma vez te ligar insistentemente ou a esperar ansioso dia a pós dia a resposta de um e-mail. É uma pena, mas não sou mais aquele que dava pulos de alegria ao te ouvir pronunciar meu tão sonoro nome. Não mais eu - esse homem que aqui está hoje é tão diferente do menino de olhos assustados que você conheceu e amou - magoou - dissimulou - mentiu, mentiu tanto que eu cheguei a acreditar que era tudo verdade – tudo coração – nós um só coração.
Nem todo menino é um rei, mas esse homem altivo, com ar de superioridade, hoje está tão bonito e sorridente que não precisa mais depender do seu ‘bom dia’ pra sorrir feliz. É mágoa, todo meu discurso está recheado de mágoa pelo que você poderia ter sido e não foi. Pelos gestos doce que você me fazia e não faz mais - como me pedir um abraço no meio da multidão e fazer cara feia se eu, por vergonha, me recusasse a fazê-lo. E quantas vezes eu ignorei meus medos de menino de 16 anos e te abracei como se abraça o mundo? Acaso perdeste as contas? Desaprendeste a contar?
E te vejo tão ausente de tudo e de mim que não consigo acreditar que és tu mesmo, aquela pessoa que falava alto e usava tão bem as mãos pra se expressar. Teu olhar anda distante, mas sei que não é só de mim...  Afugentasse-te em abismos tão escuros e sem atalhos, que fica impossível acompanhar teus passos. Andas com pressa - Foges de mim. E o que eu choro é água com sal.
Pergunto então a você - que tanto amei e quis bem: Quem é você? O que ainda existe de mim dentro da sua pele? O que ainda seria capaz de tirar um sorriso - de canto de boca - de seus lábios? Pra onde teus olhos miram para não encontrar os meus? Se tiver forças, dê- me ao menos seu último suspiro. Posso pelo menos te dar a mão e te ajudar a levantar, já que amor - eu pareço não saber mais o que é.
Mazes

Depois ele cantou pra mim: The Last Goodbye - James Morrison

3 comentários:

Júnior disse...

Preciso. Muito bom. ^^

Anônimo disse...

Você ainda a ama, rs. Lindo texto.

Helena disse...

Adorei seu texto, muito sensível! Parabéns!