07 janeiro 2009

O observador do mundo

O cheiro do novo ano me traz a calma de já haver passado tantos invernos encolhido debaixo do meu cobertor. A calma que nem sempre habita meu ser. ... O gosto pelo azul... É inexplicável o meu talento pelo azul, e como se a vida fosse um eterno solo de sax, pinto minhas paredes, meus romances,
minha ansiedade e falta, esse vazio de não saber morar em meu interior. O acúmulo das partidas... as pessoas ciganas que chegam com a mesma velocidade que vão embora. -O azul é tão sonoro! Falo com o sorriso dos puros, dos que aderem a pureza por não saberem ser hostil. Mas a melodia que acompanha meus passos já deixa no ar o talento para a sabedoria. Cada um sabe da coerência de suas ações. É uma sensação sublime a do tempo passando. É majestoso perceber que o tempo não é composto de um simples e puramente tiquetaquear dos ponteiros de um relógio. Ele passa, há toda uma magia por trás das horas.
-O mundo se faz e desfaz em fragmentos de esperança. Eu desabafo! As horas vão passando e o tempo se revela no perfeito caminhar do senhor de idade que empurra a bicicleta marrom pela ladeira. A ladeira de barro dizem que finda. E todos sabem que ela tem nome e sobre nome. Páro atrás do senhor e fico estático a observá-lo. Ele já enxergar em cinza um enorme letreiro que se lê “talento à vida”. É lá que ele anseia chegar. O aparente cansaço de seus passos deixa em mim um olhar perdido e intrigante. A esperança vai com ele... E nos meus dias de ausência e vazio ele é meu ponto de referência nessa humanidade confusa. O senhor, que agora sei que se chama alguém, me olha bem profundo e me interroga. -Qual é o encanto que te move por esse mundo à fora? Penso no que vou falar... -O encanto que me move é a saudade! Saudades daquele olhar que há tempos não vejo e que sei que ainda espera por mim. Josimar Souza - Mazes, o pensador

Nenhum comentário: