26 abril 2011

Que a vida não me deixe morrer de sede :


 A respeito da sede do mundo
E por mais que as avenidas se apresentem turvas, mal calçadas e melancólicas, que eu possa continuar a trilhar meu caminho rumo ao sol.  E mesmo que os clichês me apareçam demasiados e que minha criatividade aos poucos se transforme em poeira, que eu possa ao menos dar risadas das minhas besteiras e nunca perder o meu verdadeiro brilho. E por mais que o amor do mundo não pareça ser suficiente para enobrecer o coração dos homens, que possamos ao menos acreditar que no futuro, as crianças que hoje ainda insistem em brincar de roda mesmo na era digital, possam usar palavras de gentileza mesmo sabendo viver num mundo tão hostil. Que a fome do mundo possa a partir de amanhã ser retratada apenas nos livros de história e não mais encarada por nós nas ruas como algo natural ou inevitável. Que os sorrisos possam também chegar fora de hora, que a esperança nunca mais se atrase para enfeitar nossa festa e que por vezes nossas lágrimas possam lavar as ruas do nosso coração. Que os políticos matriculem-se em escolas de empatia e que a ganância do mundo não mais tenha livre acesso nos nossos cenários futuros. E por mais que a modernidade atualize os aparelhos difusores de áudio, que a música nunca deixe de ser o que ela é e que ela possa continuar a ser nossa mais bela forma de celebrar a vida. Que os preços baixem, que os impostos não passem de 1 centavo e que finalmente, o livro possa ter o preço do pão nosso de cada dia, porque ele também é alimento, alimento espiritual. Que a humanidade  livre-se de seus preconceitos e estereótipo infundados e que a cada esquina uma semente de flor esteja sendo plantada. Que a espiritualidade individual seja respeitada e que religião nenhuma tire do homem o direito de ser responsável por sua própria vida. Que chova com mais freqüência no sertão e por mais que viver às vezes me doa como golpes de faca afiada, que a vida não me deixe morrer de sede, com a garganta seca e o peito vazio.
Mazes

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