16 dezembro 2011

'Um soluço e a vontade de ficar mais um instante...'

E agora posso dizer, sem medo de errar, que cinco meses respirando o que um Ateliê exala, pude apreender o que em três anos de faculdade eu ainda não tinha aprendido. Porque as teorias encolhem-se quando é preciso descer os degraus acadêmicos e sentar-se na grama verde lado a lado com o outro. Num circulo que faz a energia fluir e coletivizar a individuação. E o ciclo, descobri assustado, nunca tem uma linha de chegada.   

'Tudo é impermanência...' Diz o budismo. 'O mundo lá fora gira ao contrário...' Diz uma mulher psicótica, que ainda insiste em economizar sorrisos.    

Experimentei olhar de perto a 'loucura' que negamos, sufocamos... A loucura de nós mesmos. A loucura da sombra das nossas árvores: Azuis, verdes, amarelas, pretas. Sim, e por que não?    

Nesses cinco meses eu pude ver um pouco do que está do outro lado... E o que está do outro lado também é bonito. E é bonito porque tem uma luz sutil, discreta, abstrata e é preciso acuidade para dela poder se iluminar. É preciso não invadir! É bonito, porque segundo Freud, o inconsciente deles é um céu aberto. E só que está perto, pode desse céu desfrutar.   

E na mala eu trouxe uma delicada lembrança, que é delicada porque é a lembrança de um outro sobre mim. É a inscrição do sujeito em meu peito. Nesse caso, é a inscrição de uma mulher que precisou adoeceu para poder viver num espaço onde ela é respeitada e Humanizada, com H maiúsculo. Uma mulher que traz marcas e sombras de seu passado turvo, mas que caminha, a passos lentos, para a luz. E hoje, nas ações e nas árvores dos outros, ela consegue tatear vida, onde antes, tudo era dor.  


Eu abracei uma idéia. Eu abracei minha profissão. 
                                                                                                                    Mazes

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