Só o que se podia perceber era que ele estava diferente. O sorriso mudou, as horas passaram a ter um significado mais apurado, mais conciso, mais flutuante... A conversa ia surgindo de coisas que ele nunca imaginou. Crescia de uma forma insuspeitável, tão insuspeitável, que foi preciso abrir todas as portas e janelas para que aquele alguém pudesse ocupar todos os espaços. Agora, diferente de tempos atrás, ele sabia que era participante daqueles momentos. Mesmo na insegurança deixou de lado o papel de coadjuvante e quis estar no procênio [centro do palco , linguagem usado no teatro].
Enquanto o mundo todo corre pra o precipício ele decide ficar em casa. Não por preguiça ou por “amor a causas”. Ele não tinha causas, ele acreditava em tudo, mas não conseguia pertencer a nada, a nada e a ninguém. Variante. Preferência pelo céu do que um passeio num dia de primavera em um parque qualquer. Esquivava-se das pessoas com nomes e sem rostos. Aqueles que consegue avistar, mas ainda não aprenderam a enxergar. “Por que você me olha se você não me ver?”
Diante da imperfeição humana ele só quer aumentar o riso do mundo. Acordou cedo... Tentando voltar para a noite anterior. Em vão! O tempo não volta mais! Algo sempre muda na vida de alguém quando outro alguém acena bandeira branca do lado de lá. É a paz que nos convida... Faz-se presente... Surpreendentemente. Teve vontade de pedir para que passassem todos os dias juntos, de contar até os segredos que não se conta a ninguém. Vontade de dividir, repartir... Fracionar aquela inundação das coisas vindas de dentro. Benditas coisas, Deus! Benditas coisas, Deusa! Talvez nessa manhã de sol a pino, as vésperas de um feriado, uma literatura de Caio Fernando Abreu ajudasse ao menino a entender o que se passava em seu pensamento, que profusão de coisas eram aquelas que nunca se estabilizavam, mas isso ele deixaria para amanhã.
Hoje o homem figurativo quer se exibir. Mentir por amor a arte. O palhaço ilustrado vai aumentar o riso do mundo. Você chegou? Você se foi?
Josimar Souza – Mazes