30 outubro 2009

Distância louca de mim mesmo



Só o que se podia perceber era que ele estava diferente. O sorriso mudou, as horas passaram a ter um significado mais apurado, mais conciso, mais flutuante... A conversa ia surgindo de coisas que ele nunca imaginou. Crescia de uma forma insuspeitável, tão insuspeitável, que foi preciso abrir todas as portas e janelas para que aquele alguém pudesse ocupar todos os espaços. Agora, diferente de tempos atrás, ele sabia que era participante daqueles momentos. Mesmo na insegurança deixou de lado o papel de coadjuvante e quis estar no procênio [centro do palco , linguagem usado no teatro].
Enquanto o mundo todo corre pra o precipício ele decide ficar em casa. Não por preguiça ou por “amor a causas”. Ele não tinha causas, ele acreditava em tudo, mas não conseguia pertencer a nada, a nada e a ninguém. Variante. Preferência pelo céu do que um passeio num dia de primavera em um parque qualquer. Esquivava-se das pessoas com nomes e sem rostos. Aqueles que consegue avistar, mas ainda não aprenderam a enxergar. “Por que você me olha se você não me ver?”
Diante da imperfeição humana ele só quer aumentar o riso do mundo. Acordou cedo... Tentando voltar para a noite anterior. Em vão! O tempo não volta mais! Algo sempre muda na vida de alguém quando outro alguém acena bandeira branca do lado de lá. É a paz que nos convida... Faz-se presente... Surpreendentemente. Teve vontade de pedir para que passassem todos os dias juntos, de contar até os segredos que não se conta a ninguém. Vontade de dividir, repartir... Fracionar aquela inundação das coisas vindas de dentro. Benditas coisas, Deus! Benditas coisas, Deusa! Talvez nessa manhã de sol a pino, as vésperas de um feriado, uma literatura de Caio Fernando Abreu ajudasse ao menino a entender o que se passava em seu pensamento, que profusão de coisas eram aquelas que nunca se estabilizavam, mas isso ele deixaria para amanhã.
Hoje o homem figurativo quer se exibir. Mentir por amor a arte. O palhaço ilustrado vai aumentar o riso do mundo. Você chegou? Você se foi?
Josimar SouzaMazes

22 outubro 2009

Ah, eu mudei! Sinto muito se não deu pra acompanharem minhas mudanças. Joguei fora tudo que não prestava. Arrumei tudo! Não vou pedir desculpas por não ser o mesmo de antes. Dei-me ao direito de mudar enquanto era tempo. Prefiro esse que sou hoje! Se não gosta do novo bate a porta e sai.

Mazes

19 outubro 2009

_ Você é ótimo! Sabe disso. É incrível! 

_ Por favor, não preciso de sorvete de casquinha.

_ Não é sorvete de casquinha. O que é sorvete de casquinha?

_Você sabe. Algo para deixá-lo contente. Algo doce que derrete em cinco minutos.

18 outubro 2009

VEM PRA PERTO


Arrisque-se! Mergulha fundo que eu estou só te esperando pra concluir o nosso plano infalível. Põe em prática essa capacidade humana de conseguir ir além. Só estou te pedindo pra se jogar como eu me joguei. Não estou prometendo que não haverá noites cinza ou dias nublados, não estou te prometendo a perfeição, aliás, não estou te prometendo nada. Eu só estou te convidando, sutilmente te estendendo a mão. Não fica aí fazendo hora, não vejo motivos para o teu recuo, para a tua resistência.

Vem pra perto! Segurar minha mão! Talvez a nossa principal diferença seja uma só. Pra você existe o Eu: Eu não quero me precipitar, eu não quero criar expectativas, eu acho... Mas pra mim o que existe é o nós dois. Quando penso, eu te incluo nas minhas aspirações para o futuro. Você não, você me deixa de fora como me deixou de fora das fotografias. Eu precisava pedir? No entanto eu te dou um desconto. Assim como eu você também possui o dom da distração, mas é que os excessos podem quase sempre fazer mal. São pequenos detalhes, mas é nos pequenos detalhes que moram as diferenças. Outras fotos viram, eu bem sei!

Segue meu exemplo porque garantias, baby, ninguém nunca vai ter. Vai depender de nós, do que faremos com o que temos sentido um pelo outro. Essa inundação de coisas que tem surgido e crescido feito avencas num jardim fértil. Vem pra perto do que eu to sentindo porque a minha limitação humana não me permite te guardar em mim, porque eu não sei mais viver pela metade. Porque as migalhas de outrora não me suprem mais e ando demasiado cansado dos recomeços. Perdi o talento de me entregar à desorientação. Não me faça pensar que eu não sou o número um, porque as chances de eu voar são muitas. Sou bicho solto, mas não quero ser pra sempre. Me perpetue! Ter só metade é ter muito pouco. E pouco já não me interessa. Tenho sede, quero além de palavras e gestos. Quero teus pés juntos aos meus. Andar acompanhado de ti!


Josimar Souza - Mazes

15 outubro 2009

Às vezes penso em tanta coisa...




  Vontade de juntar as coisas e as pessoas que eu amo e colocar num cantinho só pra mim. Aproveitar tudo com calma e esquecer o mundo lá fora. Beber de gota em gota. Vontade de não precisar correr mais. Mas não é assim, eu bem sei. A gente tem que correr atrás, crescer na vida, ser alguém. É tanta combrança que às vezes nem dá tempo de se perceber fazendo parte disso tudo. Acho que tô te assutando falando sobre essas coisas, mas por favor não vá embora como todo mundo faz. Não se afaste de mim! Também não me deixe muito solto.
Medo? Tenho sim, até dos carteiros e agentes de saúde. Medo do que é passageiro... Ainda não me acostumei com todo esse rodísio. Ainda não sou PHD na arte de recomeçar do zero. Fique mais um pouco!
"Vou sentir saudade da sua boca e de tudo que tem a ver com ela." 

Mazes

06 outubro 2009

...



O verão chegou trazendo a voz da paixão, que escorre mel do sol e incêndeia o nosso coração, menino, brincando na areia. Que a paixão saiba cuidar de nós, passageiros como a luz do sol, que incêndeia o nosso coração, menino, brincando na areia. Madrepérola de cores vãs no vitral insone das manhãs, que eu vi passar enquanto o sol, menino, brincava na areia. Que o verão saiba cuidar de nós, que você beba do mel do sol e que a sombra que o verão trará possa descansar seu corpo, menino, brincando na areia.
 
Oswaldo Montenegro - Mel do sol