O cheiro do novo ano me traz a calma de já haver passado tantos invernos encolhido debaixo do
meu cobertor. A calma que nem sempre habita meu ser.
...
O gosto pelo azul...
É inexplicável o meu talento pelo azul, e como
se a vida fosse um eterno solo de sax, pinto minhas paredes, meus romances,
minha ansiedade e falta, esse vazio de não saber morar em meu interior.
O acúmulo das partidas... as pessoas ciganas que chegam com a mesma velocidade que vão embora.
-O azul é tão sonoro!
Falo com o sorriso dos puros, dos que aderem a pureza por não saberem ser hostil.
Mas a melodia que acompanha meus passos já deixa no ar o talento para a sabedoria.
Cada um sabe da coerência de suas ações.
É uma sensação sublime a do tempo passando. É majestoso perceber que o tempo não é composto de um simples e puramente tiquetaquear dos ponteiros de um relógio.
Ele passa, há toda uma magia por trás das horas.
-O mundo se faz e desfaz em fragmentos de esperança.
Eu desabafo!
As horas vão passando e o tempo se revela no perfeito caminhar do senhor de idade que empurra a bicicleta marrom pela ladeira.
A ladeira de barro dizem que finda. E todos sabem que ela tem nome e sobre nome.
Páro atrás do senhor e fico estático a observá-lo.
Ele já enxergar em cinza um enorme letreiro que se lê “talento à vida”.
É lá que ele anseia chegar.
O aparente cansaço de seus passos deixa em mim um olhar perdido e intrigante.
A esperança vai com ele... E nos meus dias de ausência e vazio ele é meu
ponto de referência nessa humanidade confusa.
O senhor, que agora sei que se chama alguém, me olha bem profundo e me interroga.
-Qual é o encanto que te move por esse mundo à fora?
Penso no que vou falar...
-O encanto que me move é a saudade!
Saudades daquele olhar que há tempos não vejo e que sei que ainda espera por mim.
Josimar Souza - Mazes, o pensador
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